Faith é o meu nome. Se não fosse não estaria cá, nem aqui nem em parte alguma. E porque assim sou, e ainda aqui estou, deixo a minha alma vaguear, apanha-a se quiseres mas não me detenhas, tenho de ir. Se me prenderes, trata de mim, ama-me se conseguires ... ou mata-me de uma vez.
sábado, 25 de abril de 2015
BEIJO 6
Após meses de conversas pela net e por telefone
da crescente empatia e atracção
urgia o contacto físico e real
por isso tinha tirado duas semanas de férias
feito 600 km durante a noite
para estar de corpo e alma
diante de ti
...
afinal éramos dois estranhos,
os dois seres que se tinham apaixonado à distancia
não eram os mesmos que ali estavam frente a frente
...
o teu apelo e a minha viagem não podiam ter sido em vão
a paixão que tinha nascido em nós
apesar de virtual não podia ser um equivoco
...
decidimos começar do inicio
desta vez vivendo experiências juntos
de mãos dadas e olhos nos olhos
partilhando sentimentos
assim não haveria enganos
"no te vayas Faith, quédate conmigo"
...
fiquei
dois amigos recentes
um decidido a mostrar a sua cidade
o outro em deixar-se levar
ambos entregues ao que o Destino lhes reservaria
...
recordo a tua voz tão feminina e o teu sotaque madrileno
o teu rosto tão suavemente desenhado
de uma beleza tão simples
do toque dos nossos dedos, tão sensual, quase erótico
como se todo o nosso corpo estivesse concentrado ali
na ponta dos dedos
prazer tão doce e terno e ao mesmo tempo tão carregado de erotismo
...
"Te encanta el arte ?"
claro que sim "muchisimo"
levaste-me a conhecer a cidade
reservaste aquele dia para me levar ao Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofia
querias que fosse especial aquele dia
e foi
...
percorremos as varia salas de exposição
eu estava excitadíssimo,como uma criança dentro do Toys'r'us
sempre que reconhecia uma obra de arte
ficava ali a debitar toda a informação que tinha sobre ela
conhecimento que era fruto das várias horas de história da arte na faculdade
e tu ficavas a olhar para mim com um sorriso lindíssimo
encantada com a euforia que a overdose de arte me provocava
escutavas-me sem olhar para as telas
provavelmente já as conhecias ou pouco te diziam
apenas desfrutavas de mim naquele momento
e do efeito que cada tela me provocava
outra sala, outra colecção, outra "moca"
nunca me largavas a mão
...
chegamos à entrada de outra sala
tapaste-me os olhos com as mãos
venda tão macia e suave
que me tinhas dado a conhecer nesses dias
desta vez nos meus olhos
impedindo que visse por onde me levavas
"ven, tengo una sorpresa"
deixe-me levar
dei vários passos acompanhando os teus
guiavas-me na escuridão para um espaço desconhecido
sentia-me bem assim
nada vendo apenas sentindo o toque suave das tuas mãos na minha cara
o teu corpo encostado ao meu
...
andamos alguns metros
algum tempo
pouco
paraste
viraste-me para o lado esquerdo
"ya está" disseste
lentamente retiraste as tuas mãos e voltei a ver
diante de mim o "Guernica"
...
foi como uma explosão
quase idêntica às que o quadro representava
conhecia-o dos livros de arte
sabia a sua história e o seu significado
mas ... não o conhecia realmente
esmagador, impressionante, enorme
tanto de violento como de belo
...
assim fiquei de boca aberta
como "um burro a olhar para um palácio"
arrepiado com aquela imagem
da qual não conseguia desviar os olhos
percorrendo pormenor a pormenor
sem nada conseguir dizer
durante este momento nem te vi
estavas a meu lado
creio que me observando
nem sei
só o "Guernica" e eu
...
este êxtase foi suavemente quebrado com o teu rosto
na minha frente
foquei-o
tão belo e suave
contrastando com a violência e o cinzento que presenciava no segundo anterior
sorriste
procuraste a minha atenção
certificaste-te que nos meus olhos em vez do Guernica já só habitava a CS
"me gustas mucho Faith"
e com as tuas mão novamente no meu rosto
deste-me um beijo
tão suave e simples como tu
tão sensual e erótico como o toque dos teus dedos
...
"que viciosa es tu boca Faith"
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